25.4.09

25 de Abril



Ruas da minha cidade
veias que o meu sangue abraça
e põe cravos de ansiedade
na lapela de quem passa.

Ruas da minha cidade
onde perco o coração.
Poema diz a verdade!
Diz a verdade canção!

Ruas da minha cidade
amanhecendo a firmeza
duma ponte entre a saudade
e um abril à portuguesa.


Ruas da minha cidade
onde vingo as minhas asas.

O meu nome é liberdade
e moro em todas as casas.


Ruas da minha cidade
praças da minha alegria
onde antes da claridade
era noite todo o dia.

Ruas da minha cidade
onde o velho é sempre novo:

as ruas não têm idade
porque são todas do povo.

Ruas da minha cidade
becos de ganga puída.
Oficinas da verdade

dos operários desta vida.

Ruas da minha cidade
janelas do meu olhar
onde os pardais da amizade

à tarde vêm poisar.

Ruas da minha cidade
rasgadas por minha mão.
A gente passa à vontade
quando pisa o nosso chão.

Ruas da minha cidade

aonde eu quero morrer
com cravos de eternidade
dos meus olhos a nascer.

Ruas de Lisboa, Amor Combate, (1977), Joaquim Pessoa

Nenhum comentário: